4 de julho de 2011

Rabiscos no Papel

(Foto no Pavilhão do Conhecimento em Lisboa, Portugal)




Para quem curte poesia. Um dia eu estava imaginando o quanto é difícil escrever sobre as coisas simples que existem e o quanto é normal deixarmos de notar a importância das coisas que possuem um valor verdadeiro. Então escrevi esta poesia que me acompanha e que particularmente, das coisas que escrevi, é a que mais me agrada.


Rabiscos vagando em linhas pautadas

À lápis, caneta ou pincel de tinturas borradas

Dançam um trançado de formas e gestos simples

Que traduzem anseios amalgamados aos dedos,

Granjeando vida por si só, nos aconchegos

De um papel comum, que dirime segredos.

Nada és quando leve em branco,

ante eras vida, pomar de aparar vento brando

agora acalanto de um desconhecido autor

se optativo for, ao menos sejas ingénuo bilhete de amor

ouaté alvo de uma criança no seu primeiro experimento de cor.

Como puderas ser papel, de extremos ao véu

Poético, burocrático, afável ou cruel

Que se esconde no bolso, se dobra pra droga

Que se esconde na bolsa, se faz moeda de troca

Uníssona matéria-prima que o construtor de deserto enfoca.

Ricos-homens pobre-sonhadores

Capazes de imprimir diferentes valores

Com poderio de persuasão da mente

Mas, valente...é a razão, que nos reverencia a cada dia

Semente que faz gerir leis, nossa tentativa de anistia

Em pungentes entrelinhas que não saem do próprio papel

Sim é ele mesmo, do papiro ao Mershan

Do cardápio chic ao nascer da manhã,

limpando o cantinho da boca após o croissant

E agora esquecido e trocado por uma mente sã

Que deixara de me fazer de elo inspiração-amor

Preferindo as ruidosas teclas de um tal computador

Que sequer soube o que é vida e o que é dor

Para ser o seu indispensável parceiro compositor

Globalizado estará o mundo, ano após ano

Mas sempre um simples rascunhado à mão

Terá mais valor ao escrever secretamente: EU TE AMO !

Autor: Fabiano Neves

Um comentário:

  1. Que lindo!!! Amei,me lembra a música Radio Gaga do Queen...em que eles dizem que o rádio teve o seu tempo,o seu auge,talvez em comparação com a popularidade da tv,assim como o papel...que hoje parece torna-se cada vez mais secundário ao computador. Vc teve muita sensibilidade nessa poesia Fabiano,meus parabéns.

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