(Foto no Pavilhão do Conhecimento em Lisboa, Portugal)
Para quem curte poesia. Um dia eu estava imaginando o quanto é difícil escrever sobre as coisas simples que existem e o quanto é normal deixarmos de notar a importância das coisas que possuem um valor verdadeiro. Então escrevi esta poesia que me acompanha e que particularmente, das coisas que escrevi, é a que mais me agrada.
Rabiscos vagando em linhas pautadas
À lápis, caneta ou pincel de tinturas borradas
Dançam um trançado de formas e gestos simples
Que traduzem anseios amalgamados aos dedos,
Granjeando vida por si só, nos aconchegos
De um papel comum, que dirime segredos.
Nada és quando leve em branco,
ante eras vida, pomar de aparar vento brando
agora acalanto de um desconhecido autor
se optativo for, ao menos sejas ingénuo bilhete de amor
ouaté alvo de uma criança no seu primeiro experimento de cor.
Como puderas ser papel, de extremos ao véu
Poético, burocrático, afável ou cruel
Que se esconde no bolso, se dobra pra droga
Que se esconde na bolsa, se faz moeda de troca
Uníssona matéria-prima que o construtor de deserto enfoca.
Ricos-homens pobre-sonhadores
Capazes de imprimir diferentes valores
Com poderio de persuasão da mente
Mas, valente...é a razão, que nos reverencia a cada dia
Semente que faz gerir leis, nossa tentativa de anistia
Em pungentes entrelinhas que não saem do próprio papel
Sim é ele mesmo, do papiro ao Mershan
Do cardápio chic ao nascer da manhã,
limpando o cantinho da boca após o croissant
E agora esquecido e trocado por uma mente sã
Que deixara de me fazer de elo inspiração-amor
Preferindo as ruidosas teclas de um tal computador
Que sequer soube o que é vida e o que é dor
Para ser o seu indispensável parceiro compositor
Globalizado estará o mundo, ano após ano
Mas sempre um simples rascunhado à mão
Terá mais valor ao escrever secretamente: EU TE AMO !
Autor: Fabiano Neves
Que lindo!!! Amei,me lembra a música Radio Gaga do Queen...em que eles dizem que o rádio teve o seu tempo,o seu auge,talvez em comparação com a popularidade da tv,assim como o papel...que hoje parece torna-se cada vez mais secundário ao computador. Vc teve muita sensibilidade nessa poesia Fabiano,meus parabéns.
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